terça-feira, 22 de maio de 2012

Pensamentos de Cingapura


Desejo não pensar
Não pensar que estou sozinho
E quem não tenho nada a dizer
Nem às estrelas, nem às árvores e nem às pessoas

Sento nessa areia branca e fina e vejo ao longe
A fábrica prensando seus metais,  sua fumaça motriz
Mandarão à China , à Cingapura

Os faróis dos carros cortam minha vista
Imagem de que a viajem material segue seu curso no ranço humano
Imagino a ânsia das conchas, necessitando respirar

e nos poucos humanos flechas de si mesmos de um mundo sustentável

O tempo imprimi a vida e a morte

Penso no universo e nos bilhões de almas
Nas infinitas informações e números
Nas forças, nos poderes e na esperança
Sinto aquele perfume da dama da noite
E vejo alguém dizer que flores o lembram a  infância
Saio de uma prisão, procuro ficar longe
Penso que a  liberdade quer  me ensinar a ver

afora o  desejo de nao pensar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Como um escaravelho dourado de antigo e novo.
Tenta se esconder ainda na areia.
À maneira daquele que disse: ao pensarmos no presente esse pensar já versa sobre o passado, sobre o que já foi. Esse pedaço perdido de tesouro do ontem em encostas, secretas de mar e rocio, e chuva e estio.
Foi tecido em volta dele toda a vegetação à beira-mar de agora, e como se presente ontem e por séculos anteriores.
Tudo nasceu desse vão tecido ao redor do escaravelho.
Pedaços de palavras concretas como maçã, escuro, pedra e faca.
Substituem pedaços de palavras que eram antes subjetivas, tristeza, saudade e amores.




Ventre


Agora que nasço para os ventos livres da vida
É que estou me prendendo no ventre risível da morte

Pequena, morrida em cada noite de fluxos contrários
De pensamentos que não cessam e que se excessam num túnel fino e frio.

Quebro a placenta de dores para enxergar minha anja
de asas azuis como nos sonhos
Aparece-me num mosaico que aos cacos monto
Desacelero para permanecer com meu coração funcionando
e que minhas afluências sanguíneas sigam o curso de uma vida rica!

Poesia do verde, fica a criança, noutros  tempos e agora
A leveza  me cerra os olhos e nasço, como uma rolinha:
Para os ventos livres da vida.