(...) Percebi que as palavras não valem nada, e então me deu vontade de escrever. (...)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Chorando no banho
Hoje chorei. Por meses de lágrimas, que se misturavam com a água do chuveiro. Estava me lavando. Por dentro. Retirando pelos olhos toda a sujeira caudalosa de tempos de remoição. Mesmo vermelho, ao enxugar parecia mais branco. Mais leve. Não tive medo. Imaginei em alguns segundos, como se fosse uma cena, desta vez, vista do alto, com trilha da Billie Holiday. Foi se fechando o enquadramento, a cidade, o bairro, minha rua, a casa, os cômodos, o banheiro, eu, nu, homem, demasiado.Me senti são. E feliz por chorar. Não tinha a imagem do espelho.Não tinha vergonha.Não tinha mentira. Nem roupa.Só água, água e eu.Por alguns instantes me senti mesmo sozinho, como nunca havia estado. Engraçado, que da mesma forma, nunca havia me sentido tão comungado com o universo. A água limpa. Batismo dos nossos tempos. Estou aprendendo a rezar. Acho que todos os dias agora, ao acordar, vou me postar diante do sol, olhar pra cima,reverente, erquer levemente as mão, como se segurasse o céu, e encontrar em mim mesmo, a conexão enterna do homem com deus. É preciso. Senão as ondas erradas dos probres homens mesquinhos, nos deixam tão pequenos quanto um banheiro de azulejos frios e sem lágrimas, após uma crise de deprressão.
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