domingo, 10 de janeiro de 2010

Terra dos meus olhos

Tô cansado do sol

triste, alegre

juntado com a lua traz um nada

tirando de pouco
as coisas em suas coisas:

como o passado

presente morno

amizades em cordas secas, em cordas molhadas

alguns vicios geneticamente adquiridos
pela corrente sanguinea do tempo

virtudes que não deslizam
e não dá tempo de amadurar

vai se reparando:

quando era criança escrevi um poema
sobre solidão

"lembro dos seus olhos
eram claros mas sem brilho
vi água neles"


vai se tirando

veja que a réstia
vai sumindo

até que em sua casa

sobra alguma pessoa louca em um cômodo
um silêncio em outro
e o anoitecer é triste


me lembrei do inverno

me sinto como um mestre Amaro
me sinto batendo sola
a mesma angustia
passa por mim tilintando
no seu cabriolé

amanhã vou aguar as plantas
e nessa semana não quero adiar
as flores que a meses prometo-me
vê se elas pegam na terra de meus olhos.

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