terça-feira, 13 de outubro de 2009

Instante Amarelo

Podemos sorrir todos os dias,uma sabedoria de nego velho, como quem mostra os dentes musgados pelos vícios vermelhos, despreocupadamente, numa tonalidade de felicidade tão verdadeira de dar inveja a qualquer homem de natureza hi-tech. Podemos ver tanta beleza em segundos, quando passa aquela moça,com um ingênuo vestido amarelo, exalando num raio de 100 m (budismologia) sua aura parecida com o sol. Quente. Quente e amarela. Mas ela afeta a poucos. A maioria está perdida em seus devaneios, nos seus redemoinhos mentais, baseados numa esperança doentia. Presos pelos medos.E nem sequer se dão conta da malemolência do que se pode ver, da perna lisa abaixo do vestido, do olhares levantados para você, tudo dura uns dez anos. É como se colecionasse os instantes e fosse guardando-os numa caixinha adornada-orientais, vivendo assim uns mil anos, e melhor, sem medos. Mas ainda estamos na travessia. Listras, sinais, faróis, semblates, um mar de símbolos que navegam nos meus dilúvios. Meu guerreiro está treinado, e não se esquiva. Bate frontalmente em cada onda que se quebra em areias diferentes. Ela vai indo na frente.Ela e seu vestido amarelo. Se fosse ourives, a gritaria.Só a vi de costas. Estávamos atravessando a rua pela faixa de pedestres. Foi no máximo um segundo. Uma fagulha, uma miséria.Mas nesse lugar, onde efeitos softwares nada traduzem, senti que ganhei o dia. Deixe-me voltar, senão paro direto aqui. Outros dias terão outras, vermelhas, azuis, mas agora, estou lembrando e no instante da amarela

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