quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Amplificação

Não há mais drogas que façam viajar
A volta já foi feita
em torno dos dez mandamentos
E os paradigmas se enrolam em minha cabeça
Como minhocas extra-terrestres

Quero uma força aflorada
Que me deixe presente
Mesmo quando estivermos:
nos sub-mundos de nosso inconsciente
Que se disparem todas as armas
Que derrame todo o nosso sangue.

Agora todos estão com flores nos cabelos.
Estou um pouco triste
e não consigo ver
Estou ! Não estou!
Nem sei porque.

Depois melhora.

Como se sara pra sempre?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Paradoxo do tempo

Do pó em branco a luminosidade do dia
O corpo trêmulo pela sísmica dos músculos
E quem pensou em um dia fazer cinema
Agora pára um longa que se tédio já na fosse
E vai num emaranhado de redes sociais
Que se julgam fortes e inteligência
Mas ah! Aquela menina
Que tomava ácidos e delirava
Nos tons alaranjados e rosas do céu
Agora entra no carro do marido rico
Mas não me parece tão feliz
E a escritora forte, de gênio auspicioso
Participante da pós-revolução de 2000
Agora continua se revolucionando
Em cada gole de álcool que molha sua garganta
E inebria seus poros para o nascer da lua cheia

Paradoxo de consumo:
Ingerir produtos lights
E ter um amor pesado.

sábado, 27 de novembro de 2010

Transvaloração

O valor mediano :
Posse e ego.
É uma dor sem contorno
não ter a si mesmo.

Mas na hora benfazeja
surge uma fé em seus glóbulos,
e na maturação do seu corpo.

Que se explode numa profusão
de felicidade e encanto
por essa vida
agora, transvalorada.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Choque para a morte

Estar distante de si mesmo
Ao largo da ilha, perto do solidão louca
E da tristeza rouca

É quando se vê uma fumaça
Do outro lado da ilha
E que mar há para nadar
De misturas de tonalidades verdes-azuis

Desperdiçava minha vida em pequenas doses
Em pequenos tragos e tapas
O melhor é sentir sua pele regenerando
Como uma cobra em cativeiro nato

Levei um choque e alguns parabéns

Mas perto de mim mesmo, continuo
Por força do hábito
Até que a morte me separe
E me lance aonde já vimos
Por estas pequenas frestas do amor e do conhecimento.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Voar

A coisa brilha
Vejo você junto e dentro
se derreter, se molhar
se juntar com outros anjos
Do milésimo ao segundo
Com todo o tempo do mundo
Dessa vulcânica imaculada
Fogos estão chegando
Maiores que meu carro
Sinestésica chegam
Sinestésica se vão
Para ser bom e mágico
Todas essas luzes e sinais
Serão apenas para me guiar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A entrega

Vou ler dez livros
Vê se aprendo a ser mais erudito
De Homero a Shakespeare
Da filosofia ao instinto animal
Não me interessam tanto essas estórias
Elas representam meus olhos?
Não sei
O que não dá é aceitar como são servidas
Cheias de requintes e em porcelana chique
Enquanto aqui se come com a mão.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Agora estou começando a viver
Entusiasmo-me o jeito das coisas
Sentir o gosto da manteiga junto com o café
Reparar os raios de sol
Chegar em casa e brincar com os cachorros em cima da cama
Todas coisas que parecem tão normais
E muitas vezes não valem
E olhar divinamente para cada pedaço desse mundo
Que se desmancha feito chocolate na boca.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Virou noite

Não foi o dia que virou noite
foi só a TV que desligou.

Não foi a carne que se desmanchou
foi só você que se machucou.

Não foi a luz que lhe brilhou
foi só você que acordou.

domingo, 3 de outubro de 2010

Pingo de água

Pingou um pingo de água em mim
Não sei de onde veio
Vi que o teto não estava gotejando
Pode ter havido um pingo no cabelo
Que depois quando entrei balancei e ele caiu na testa
Pode ser um pingo de água
Ou o meu cachorro molhando os bigodes
e balançando perto de mim
mas meu cachorro estava lá fora
ao menos não o vi aqui dentro
e aqui dentro de mim
fico pensando
de onde veio esse pingo de água
do além?
Ou foi impressão tê-lo sentido
Sendo então que não existiu
Se não existiu como o senti?
Ou será que não o senti
Mesmo lembrando que o senti

Enquanto isso há vida lá fora.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Caminho das melodias

A leveza vagareza de estar
Da moléstia difícil de arrancar
Da dor que aliviaria se expurgar
Do canto que de novo encanto
Fez bico pra abrochar

Pro caminho da vida velejar
Pra um lugar calmo transmutar
E se fizeram morte a ti
Jogue os versos ao ar

Assim como o som, as palavras
As melodias que me perfazem
Enquanto meio o todo do ser.

É assim, e todo no meio, será.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

- Dois

Acordar triste não é nada bom
Cada um de nós um universo, penso
Que alvoroça e aquieta
Que perde o equilíbrio nessa tênue passagem
Que se desmancha feito onda
E renasce ao raiar
Mas hoje acordei estranho
Quando agente voa
Não guardamos nosso lugar
E embaixo ávida tudo se vai...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

I - Primeiro

Quero não passar mal
Para fazer o bem

É preciso descer e subir os mais temerosos
Abismo para encontrar
A luz do sol sozinha e nua?

Ou vê-la através de vidraças sujas
Seria vê-la, sozinha e nua mesmo assim?

meu sofrimento é nao ter terminado o caminho
e nem não saber que existe um caminho

Como os versos que acabara de ler
Que o tudo que dizem
É um simples "estar"

sem pensamentos e sem palavras

mesmo assim
sem explicação, escrevo

escrevo desejando nunca ser um poeta.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nessa noite ocidental

figuro o céu com linhas e diagonais

quadrado sob a ótica do olho

a mercê de nossa lógica

navegando e coisa e tal

como vao os seus dentes?

os meus vao indo bem
procuras a coloração "clean"

prédio é banheiro
casa é banheiro

como vão os seus deuses?

continuam nos céus bem longe

bem longe daqui?

Os meus querem ir quente
ao peito, pulsação no sentido
da gaya mãe-terra

pulsação de sentido
respiração

Conexão em sinapses de pavão

nos dias de verão

e o sol? o sol brilharás

a internet, democraticamente

falaremos, ao pé do ouvido:

suicidio ao pé do ouvido.

domingo, 18 de julho de 2010

Cores

Olhando céus vermelhos
vejo luas majentas
debaixo dos sóis clorofilas
em cima das árvores-rochedos
deitado na areia cor de fim

vejo o domingo mar
vontade de encontrar

essa semana-arco-íris
e fazer desses dias secos

meses-sexos

a anos-meia-luz

pra voltar nos céus azuis
do verde em que nascemos
todos os dias, cruz!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Numa prateleira de biblioteca de escola pública
ali, num compartimento qualquer
está um livro de palavra cheia

etiquetado: venda é proibida
encoberto por políticas públicas
de incentivo à leitura

todos passam
e nem o tocam

nem o cheiram
nem o gostam

dentro dele
a palavra nove meses

todos passam
e nem o tocam

valeu sim, para refrescar a alma
só disso
se é que é só isso

- somos na ultrapassagem -
mas de clichês o céu está cheio

todos espaçam
peguei o livro cheio e não devolvi
roubei então, a palavra torta

para que a palavra morta
de uma saudosa poetiza
faça-se leitura semente

na terra dos nossos olhos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Parado

As vezes eu páro
Mas nesse parado,eu fico andando

Dou voltas em torno das voltas
Necessitando sair

Para dar às voltas da vida
aquilo que ela me pedir.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Descoberta

Grito em mim :
Se afasta, quero ficar só.

Motivo da angústia, nao sei muito bem.

Achei!

Fique:peço agora. Que sou muito nada.
Por que tão sozinho estou?

Porque o amor me trouxe o mundo, então.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Onda métrica

Quanto mais você se acostuma com os dragões, mais aprende a controlá-los, a não temer a próxima brasa saida de suas bocas gargulosas. A sentir o frio na espinha ,concentra-se para não deixa-lo subir e tomar sua mente, a ocupar todos os espaços onde haveria de crescer naturalmante, creio, em um sistema nervoso bem regrado, expansão amorosa pelos ventres gentis. Ainda bem que somos revestidos por pele e que temos saliva e anticorpos para nos proteger, de fora para dentro,nosso ser,da circudante loucura. Humana e "contemporânea".
E quanto mais sofremos com nossas estadias no inferno das emoções, mais aprendemos a misteirosa valsa das incertezas. E quanto menos usamos a cor vermelha mais sem graça vai ficando nossa arte. Pois que meu olho está branco, minha boca novamente semeia. E sinto-me tão bem como aquele romã que vi pela manhã. Bom deve ser fruta. Pele e casca.É bom sentir-se intranhado na vida, mas estar pelas beiradas, é bom que se derrama. Ao contrário do calar e do gritar, pareço-me aconchegado (não acomodado), só espiando, sem curiosidade do truque, só curtindo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Injetam vevenos

Ontem vomitei minhas dores ate chegar à bile, e perto de alguém que mereceria beijos com gosto de boca limpa. Aprender a estar no presente e estando ai, no dasein verde-amarelo, enlouquecer essa vida pós-moderna a ponto dela se virar aos avessos por vezes e parar somente quando o espaço estiver sem lugar, os olhos estiverem voltados para dentro do globo ocular e tudo for caos, e nessa quimera de confusões atiradas por metralhadoras da vida, ir encontrando uma paz e uma voz, que silencie o coração atabalhoado e esse coração discorra um caminho são e verdadeiro. Como é mesmo que se chama essa parte de nós que agente se esquece e só vê anos depois, quando as rugas já aparecem altas? Não sei, versar sobre isso não é de minha ossada, mas juro que preciso urgentemente me manter vivo por algumas semanas. Daí ver campos banhados de sol, dias coloridos e serpentes que mordem, mas não injetam venenos.

sábado, 10 de abril de 2010

Rebento das Aguas

Agora sei que tu és forte e lasciva
mas quando excessiva fisica
e o fisico acaba puramente
como a espuma da onda vai na areia.

Agora sei por onde andastes
nos altos palacios dos ventos comedidos
mas o vento nao é forma
nao bate as janelas de cima
nao arrebenta as nuvens de rancor.

Agora tambem sei que nao és mediocre
posto que é presente sagrado
dados aos rebentos diafanos
mas tambem que és musculo que pulsa
para além dos olhos sorrateiros
como daquele gato que olhou esquivo
o marimbondo que voava
colorido entre os coqueiros.

Saltamos pelos ares
a voar em sentido livre
forca que és musculo
espuma que és nuvem
presente que sao os olhos
coloridas que sao as sedas,

da asa de um marimbondo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dias, brancos

Teriamos nos inspirado em cores.Mas estive como um cego, o que me serviu de rasteira quando estava nas auroras.Seus olhares e seu charme natural. Viria uma manha delicada.Sim, maças lisas feito quadros de cestas. Agora tateio morno, lascivo o que me torna um pouco mais frio.Medo de nada. Quando duas almas se tocam, seus beijos sao agua. Possuo em mim o macio de suas maos entre meus cabelos. Queria que durasse mais um pouco.Mas me deixara vellho e triste. Se nao fizer dessa vida uma luta pra renascer, como aquela flor azul da praia que rebenta entre as raizes e surge bela, reluzente e condizente com o mar, acabo assim mesmo.Um velho, puramente, um simples velho atrasando o tempo. Teriamos sido belos, ainda sinto. Ainda sinto tambem o mal gosto em minha boca, gosto do amor nao vivido. Que deixou branca alguns lugares.Que esbranquiçou os dias.

sábado, 13 de março de 2010

Aqui me guardo

Aqui me guardo.

Guardo meus amores

guardo meus temores

minhas loucuras

minhas esquivas da vida.

Guardo meus sonhos

coloco nesse espaço vão

tecido sólido delicado

posto que é mão

cosendo angústias e máculas

aqui, me guardo.

E só. Não mais.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Felicidade

Vontade de acordar envolto numa cama boa

num dia chuvoso, saudável

e escrever como nunca antes

poesias intensas.

terça-feira, 9 de março de 2010

Trapiche

Me sinto num trapiche
cheio de pessoas amontoadas
umas por cima das outras

cada um busca o sossego que lhe cabe
o afago que lhe beija

e eu vagando
por esse vento, por esses rochedos
por esses ressecados dias


como um sem-pernas quero
um carinho para deitar-me.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Dias abraçados

A cada batida vibrante de meu pulso
os escuros perdem-me no sentido.

e há uma fagulha!

resquicios de um misto de angustia retalhada
por amor em dias abraçados

coração...

bom me que destes esse descanço
lembrarei no dia que quiser-me ir
que morto já estive
sem antes me matar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amor de carnaval

só vi e fui indo
cantando, dançando
sem perder o encanto
de fantasiar ser eu

passaram-se anos antes que
o bloco saisse de minha casa

mas sairam de mim

pararam de fazer batucada em meus olhos

agente podia viver
como quem nao quer nada

com os dias feitos de folia

pra todo manhã ter música
e toda noite ter amor

podemos fazer carnaval de nós mesmos?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O homem de colares

O homem de colares
descansava embaixo da sombra
ele, luz
sua mulher, espada.

seu olhar atravessou minha carne
distribui em meu sangue
mais vermelho
anjo de luz! Me dissestes

se nao tivesse eu
e todo o meu eu
sobraria algo?

sonhos que morriam
amor que se retirava
já estaria em terra prematura

mas vingaste a criança
crescera o poeta
nascera o filósofo


uma fé no sorriso
no enxergar um do outro
coração alagado

até o sopro da bondade

que ao mundo
de quem nao fantasia
é ar puro
o homem de colares
é ar puro
é ar
é puro.;

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A chuva das moças maças

Chovia forte
pingos convidativos
brincadeiras molhadas
cabelos lisos grudados nas bocas rosas
peles virgens e belas
a rolar na grama sacra

o padre de sua janela
saiu de batina
inebriado pelas dádivas
sorrisos fora de sua janela
saltavam embaixo daquele céu de águas
de uma tarde de qualquer verão
cidade de ruas de ladrilhos
banquinhos e pracinha de igreja

ficaram ali feito crianças
dançando para as flores
o padre e as moças


até que secou os olhos de deus

foi o comentário da cidadezinha
o pároco enlouqueceu

acharam alarde
padre dançar na chuva
com moças maças.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Amar

ruas douradas fazem meus olhos
despetalas em flores criam pomares
em minhas peles e roupas

um mar delicado

solidão.

mais que as farpas diárias
mais que as faltas em filas

amor de quem escreve poesia

"deus nao nos deixes
como meus irmaos estais deixando"


posso simplesmente amar
como um camumbembe entre as pitombeiras?

Um homem da minha rua
sempre ndesfez das pessoas
agora ficou arrastando uma perna
como sequela de ataque do coração

ai penso:
deus são os fluidos cósmicos
de sol
de árvores
de água
de felicidade
e de evolução espiritual

tipo, o caminho das formigas
são os nossos caminhos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Amor e Água

Tudo está aos poucos virando enchente

estou nadando em casa d'água

depois seca

e vira nuvem

longes, brancas

pra chover de novo

na terra de nossos olhos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Terra dos meus olhos

Tô cansado do sol

triste, alegre

juntado com a lua traz um nada

tirando de pouco
as coisas em suas coisas:

como o passado

presente morno

amizades em cordas secas, em cordas molhadas

alguns vicios geneticamente adquiridos
pela corrente sanguinea do tempo

virtudes que não deslizam
e não dá tempo de amadurar

vai se reparando:

quando era criança escrevi um poema
sobre solidão

"lembro dos seus olhos
eram claros mas sem brilho
vi água neles"


vai se tirando

veja que a réstia
vai sumindo

até que em sua casa

sobra alguma pessoa louca em um cômodo
um silêncio em outro
e o anoitecer é triste


me lembrei do inverno

me sinto como um mestre Amaro
me sinto batendo sola
a mesma angustia
passa por mim tilintando
no seu cabriolé

amanhã vou aguar as plantas
e nessa semana não quero adiar
as flores que a meses prometo-me
vê se elas pegam na terra de meus olhos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Beleza amorfa

Vide dicionário:

Substância amorfa é a designação dada à estrutura que não
têm ordenação espacial a longa distância.


Os rígidos amorfos são sólidos que não apresentam ordem estrutural
num estado normal, mas somente em dimensões pequenas.


Substâncias orgânicas que parecem, mas não são cristalinas.


Parece que sou:

pedaços de vidro

algodão doce grudando na boca

bolinhas de isopor que imitam neve.