quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mortadela


Vi um corpo pendurado na frente de um caminhão
Rasgado ao meio, pendurado como uma bandeira.

Vi pedaços de homens e mulheres  jogados no meio da pista
Um pé, uma perna
Um sujeito morto parece sorrir um riso bobo

Na frente um pedaço de carne esmagada
Que lembra a forma humana
A pista vermelha de um vermelho
Uma sensação de almas saindo

De onde vi
Vi como morremos
como somos frágeis
Não preciso temer a vida
Receio a morte?
No mais, a vida é roda de samba
Procura por fortaleza  e instantes.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Pensamentos de Cingapura


Desejo não pensar
Não pensar que estou sozinho
E quem não tenho nada a dizer
Nem às estrelas, nem às árvores e nem às pessoas

Sento nessa areia branca e fina e vejo ao longe
A fábrica prensando seus metais,  sua fumaça motriz
Mandarão à China , à Cingapura

Os faróis dos carros cortam minha vista
Imagem de que a viajem material segue seu curso no ranço humano
Imagino a ânsia das conchas, necessitando respirar

e nos poucos humanos flechas de si mesmos de um mundo sustentável

O tempo imprimi a vida e a morte

Penso no universo e nos bilhões de almas
Nas infinitas informações e números
Nas forças, nos poderes e na esperança
Sinto aquele perfume da dama da noite
E vejo alguém dizer que flores o lembram a  infância
Saio de uma prisão, procuro ficar longe
Penso que a  liberdade quer  me ensinar a ver

afora o  desejo de nao pensar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Como um escaravelho dourado de antigo e novo.
Tenta se esconder ainda na areia.
À maneira daquele que disse: ao pensarmos no presente esse pensar já versa sobre o passado, sobre o que já foi. Esse pedaço perdido de tesouro do ontem em encostas, secretas de mar e rocio, e chuva e estio.
Foi tecido em volta dele toda a vegetação à beira-mar de agora, e como se presente ontem e por séculos anteriores.
Tudo nasceu desse vão tecido ao redor do escaravelho.
Pedaços de palavras concretas como maçã, escuro, pedra e faca.
Substituem pedaços de palavras que eram antes subjetivas, tristeza, saudade e amores.




Ventre


Agora que nasço para os ventos livres da vida
É que estou me prendendo no ventre risível da morte

Pequena, morrida em cada noite de fluxos contrários
De pensamentos que não cessam e que se excessam num túnel fino e frio.

Quebro a placenta de dores para enxergar minha anja
de asas azuis como nos sonhos
Aparece-me num mosaico que aos cacos monto
Desacelero para permanecer com meu coração funcionando
e que minhas afluências sanguíneas sigam o curso de uma vida rica!

Poesia do verde, fica a criança, noutros  tempos e agora
A leveza  me cerra os olhos e nasço, como uma rolinha:
Para os ventos livres da vida.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Frutos


Amor incomensurável
Seiva no caule da arvore
Gotas de chuva nas flores
Raios de sol confortáveis
Oxigênio no pulmão

Blusa de frio na praia
no inverno
comida quentinha em casa
cama gostosa

um céu azul lindo
acordando
raios de sol confortáveis
sorrisos, olhares

aquele sonho
não morreu
está bem mais perto
do que  imaginava.
Incomensurável amor.

Asas



Compreendendo que pra voar
tem que bater muita asa.

Cândida


Deus Candido fazes
de minha dor e de meu pranto
lugares para o amor tântrico.

Que coberto de angustia
abaixo do chão e cheio de insetos
tudo insípido
preto e branco
sangue e óleo

estar-me cheio da energia que impulsiona as plantas
essa força marota que se explana no azul que sai do mar
esse encontro de mins e do fora
que a ponte apareçe  agora
uma construção quebrada
e que nos venham as estrelas quando a noite estiver clara

é juventude lutar para permanecer .




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Olhos de turquesa

O gosto da sua boca é indizível
Pagarei milhares aos poetas que
Um dia se atreverão a tentar revelar-te.

Nesse mundo de fome
De fogo e de sede
Sentir a textura dos seus lábios
Foi como viajar por segundos
Ao que as religiões proclamam a milênios
Como o paraíso.

Como uma união entre seres humanos
Pode conter tão alta carga de divino?
Não acreditava no amor estúpido
Mas acho que estou ficando velho.

E nesse de fome
Preciso acalantar-me entre seus gestos 
Adormecer em sua pele e acordar  com seus olhos
Turquesa!
Não sei fazer poesia de amor
Faço mais de guerra
Mas quem sabe agora minha fase esteja mudando
E distinguirão entre a fase da loucura
E a fase do amar: verbo direto de felicidade.