segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Do calor ao vento

Depois de passar alguns meses quentes na cama
se sujando de todos os fluidos corpóreos
a que um homosapiens ainda expele
e amando como um animal
sentimentos quase verdadeiros
não fosse o desabafo ofegante daquele dia
em que esfregou desesperadamente as maos, os braços e os calcanhares
procurando algum repouso no chão
fazendo nascer do sangue a vontade de muitos outros lugares



saia! rame flores em suas vertigens
olhe a praia deserta e o vento que fresca
em contraste com aridez vermelha que estivera
viaje e imagine que do outro lado do mar
algum como você sente a mesma coisa
mas fala outra lingua olha outro olho
e arrisco-me que tenha outro coração.


queria ser sempre a calma
onde a vegetação cresce dócil
a água ginga calma e a paisagem indiz

somos o contrário do futuro no mundo
versamos o passado
temos paraísos feitos a mão

Sinto-me cristalizado
grudado a grama
a fitar este lugar
pelo qual me apaixonara outra vez.

Numa coisa estranha que dá
aparece e some feito brilhos
e ali, desfeito como homem, chorara
debaixo do guarda-sol azul do céu
e do mesmo modo recobrando seus pilares de aurora
sorria, deixando as muitas coisas amorfas
se darem como flor, que vira fruto
que vira boca.

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