quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O lugar do medo





Eu pairo nessa mancha profunda, ancorado nesse lodo ensolarado, de travessias tropicais que mais lembram mariposas, milhares a dançar uma valsa funesta no meio da plantação do meu cérebro. Os símbolos, as marcas, as estórias de redes, os fractais conectados nessa grande megalópole psicológica, ergue-se como de um sobressalto, do nada, assobiando como aquele pássaro que ao invés de lhe resgatar as cores da vida, lhe fazia estremecer a cada lembrança de que a natureza, com todos os seus sons, e os homens com todos os seus sons, e todas suas mortes, e todas sua labuta, e todos seus rodopios, e toda loucura, não haviam de parar um instante sequer nessa grafite ilógico de uma grande  roda gigante, que vai acima, encontrando os gigantes, desce por dentro dos olhos e chega a boca a dizer:  Lástima! Não conseguir enxergar, mesmo com os olhos colados em sua pélvis. Elas continuam a rodear e a me afastar daquele relance que muito me apetece, que me faz vivo, como Aquiles e seus mirmidões esperando o momento oportuno de atacar os muros do distante reino antes desconhecido. 

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