o sol de uma manha retinando
o peito
de um calor maduro
com uma vida que pulsa
coração aberto
brilho avermelhado
não há fruto que boca nao coma
nem paloma que asa nao voe
por mais que me esforçe
em passar os dedos magrelos
nessas letras ladrilhadas
nao faz o seu sorriso
me descegue mornamente
para que eu possa rasgar
seus lábios, sua pele
liso, livre
como o mar
escorrido do verão.
me faça de amor
pobre das palavras
não
há
(...) Percebi que as palavras não valem nada, e então me deu vontade de escrever. (...)
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
A morte do capitão
Tinha uma praia e logo na beirada
algumas casinhas
rendeiras
pescadores
passeio de bateras
mergulhos de criança
vento sul
As casinhas dobraram uma geração
e logo pessoas de lugares longinquos
começaram a chegar
e tinham que comer e tinham que dormir
e tinham que viver como quem ali vivia
Mais uma geração
e existem hotéis, restaurantes
onde a moqueca do olho da cara
é aquela receita da avó
que dos indios herdou
os temperos vermelhos de outrora
Passado mais um pouco
uma casinha de frente pro mar
teve que dar lugar à uma buati
de grandezas e requintes
e o morador que pintara a mão
as janelinhas azuis de sua morada
que fora capitão de fragatada nas marés fortes
que tecia suas redes em seu quintal
que olhava fundo pro mar delicadeza
teve que abandonar seu posto
no dia em que viu que não seria possível viver
sem acordar com a areia branca
e com aquele barulho das ondas
vestiu seu uniforme
pegou a corda do barco
foi até a última castanheira
e se enforcou
depois de alguns anos
viemos saber que a buati
que matou o Capitão
que soterrou suas tarrafas
e sumiu com suas janelas azuis
fora construída com dinheiro público
e serve como lavagem de propinas
em um esquema de corrupção.
algumas casinhas
rendeiras
pescadores
passeio de bateras
mergulhos de criança
vento sul
As casinhas dobraram uma geração
e logo pessoas de lugares longinquos
começaram a chegar
e tinham que comer e tinham que dormir
e tinham que viver como quem ali vivia
Mais uma geração
e existem hotéis, restaurantes
onde a moqueca do olho da cara
é aquela receita da avó
que dos indios herdou
os temperos vermelhos de outrora
Passado mais um pouco
uma casinha de frente pro mar
teve que dar lugar à uma buati
de grandezas e requintes
e o morador que pintara a mão
as janelinhas azuis de sua morada
que fora capitão de fragatada nas marés fortes
que tecia suas redes em seu quintal
que olhava fundo pro mar delicadeza
teve que abandonar seu posto
no dia em que viu que não seria possível viver
sem acordar com a areia branca
e com aquele barulho das ondas
vestiu seu uniforme
pegou a corda do barco
foi até a última castanheira
e se enforcou
depois de alguns anos
viemos saber que a buati
que matou o Capitão
que soterrou suas tarrafas
e sumiu com suas janelas azuis
fora construída com dinheiro público
e serve como lavagem de propinas
em um esquema de corrupção.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Do calor ao vento
Depois de passar alguns meses quentes na cama
se sujando de todos os fluidos corpóreos
a que um homosapiens ainda expele
e amando como um animal
sentimentos quase verdadeiros
não fosse o desabafo ofegante daquele dia
em que esfregou desesperadamente as maos, os braços e os calcanhares
procurando algum repouso no chão
fazendo nascer do sangue a vontade de muitos outros lugares
saia! rame flores em suas vertigens
olhe a praia deserta e o vento que fresca
em contraste com aridez vermelha que estivera
viaje e imagine que do outro lado do mar
algum como você sente a mesma coisa
mas fala outra lingua olha outro olho
e arrisco-me que tenha outro coração.
queria ser sempre a calma
onde a vegetação cresce dócil
a água ginga calma e a paisagem indiz
somos o contrário do futuro no mundo
versamos o passado
temos paraísos feitos a mão
Sinto-me cristalizado
grudado a grama
a fitar este lugar
pelo qual me apaixonara outra vez.
Numa coisa estranha que dá
aparece e some feito brilhos
e ali, desfeito como homem, chorara
debaixo do guarda-sol azul do céu
e do mesmo modo recobrando seus pilares de aurora
sorria, deixando as muitas coisas amorfas
se darem como flor, que vira fruto
que vira boca.
se sujando de todos os fluidos corpóreos
a que um homosapiens ainda expele
e amando como um animal
sentimentos quase verdadeiros
não fosse o desabafo ofegante daquele dia
em que esfregou desesperadamente as maos, os braços e os calcanhares
procurando algum repouso no chão
fazendo nascer do sangue a vontade de muitos outros lugares
saia! rame flores em suas vertigens
olhe a praia deserta e o vento que fresca
em contraste com aridez vermelha que estivera
viaje e imagine que do outro lado do mar
algum como você sente a mesma coisa
mas fala outra lingua olha outro olho
e arrisco-me que tenha outro coração.
queria ser sempre a calma
onde a vegetação cresce dócil
a água ginga calma e a paisagem indiz
somos o contrário do futuro no mundo
versamos o passado
temos paraísos feitos a mão
Sinto-me cristalizado
grudado a grama
a fitar este lugar
pelo qual me apaixonara outra vez.
Numa coisa estranha que dá
aparece e some feito brilhos
e ali, desfeito como homem, chorara
debaixo do guarda-sol azul do céu
e do mesmo modo recobrando seus pilares de aurora
sorria, deixando as muitas coisas amorfas
se darem como flor, que vira fruto
que vira boca.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
O mar
De dentro do ônibus passeava
o olhar pelo tapete azul
com brilhos de diamantes
que lembravam os cabelos
de iemanjá
no fundo como um quadro
os pescadores radiavam sua
vitalidade
de quem aportou de mardugada
servindo de paisagem
lá longe
abri a janela
pros raios retinarem minha iris
e levar luz aos meu coagulos
pintar o íntimo jasmim
inebriado feito Camus
num mar de qualquer Argélia.
o olhar pelo tapete azul
com brilhos de diamantes
que lembravam os cabelos
de iemanjá
no fundo como um quadro
os pescadores radiavam sua
vitalidade
de quem aportou de mardugada
servindo de paisagem
lá longe
abri a janela
pros raios retinarem minha iris
e levar luz aos meu coagulos
pintar o íntimo jasmim
inebriado feito Camus
num mar de qualquer Argélia.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Chuva
a chuva me trouxe uma princesa
de iris melada e pele fria
embotada nos pingos dágua
molhado dos fios ao pés
acalentando as lagunas da cidade
o tempo de um dia
que acordava preguiçoso
com muros musgados verdes
e as árvores pingando lágrimas
ruas de ladrilhos mágicos
anjos de meias e pijamas em suas varandas
de casas de portaozinhos baixos
adornados brancos fazendo voltinhas infinitas
ela cantou e me embalou em seus braços
e me lançou feito um barco
em instantes de felicidade.
de iris melada e pele fria
embotada nos pingos dágua
molhado dos fios ao pés
acalentando as lagunas da cidade
o tempo de um dia
que acordava preguiçoso
com muros musgados verdes
e as árvores pingando lágrimas
ruas de ladrilhos mágicos
anjos de meias e pijamas em suas varandas
de casas de portaozinhos baixos
adornados brancos fazendo voltinhas infinitas
ela cantou e me embalou em seus braços
e me lançou feito um barco
em instantes de felicidade.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Pequenina
Um dia um menino
levantou de um sono
se enrolou em lençois
molhados de febre
e sonhou ser um mago
com toda a mágica da vida
foi-se tornando um andarilho
um bonito samana
em circulos de poucos metros
aprofundava-se em cada lasquinha
desse universo que agora estava
extraíra fórmulas da sua cama,
do seu móvel de tv
conversava horas a fios
com seu novo amigo do espelho
sobre políticas e metafísicas
compartilhavam cigarros
dançavam as musicas da rádio
fizeram fogueira de livros
e melodias eternas de cordas e teclas
foi uma grande festa
com a cantinho do olhar
e com o cantinho da consciência
quando assim se embrulhou novamente
sua pele em casulo
e pôs-se enxarcado
no ventre de sua loucura.
levantou de um sono
se enrolou em lençois
molhados de febre
e sonhou ser um mago
com toda a mágica da vida
foi-se tornando um andarilho
um bonito samana
em circulos de poucos metros
aprofundava-se em cada lasquinha
desse universo que agora estava
extraíra fórmulas da sua cama,
do seu móvel de tv
conversava horas a fios
com seu novo amigo do espelho
sobre políticas e metafísicas
compartilhavam cigarros
dançavam as musicas da rádio
fizeram fogueira de livros
e melodias eternas de cordas e teclas
foi uma grande festa
com a cantinho do olhar
e com o cantinho da consciência
quando assim se embrulhou novamente
sua pele em casulo
e pôs-se enxarcado
no ventre de sua loucura.
sábado, 21 de novembro de 2009
Pequenina
meu mundo ficou pequeno outra vez
parece que agora restaram poucos metros quadrados
falta-me a força da distancia, de projetar os olhos pela janela
percorrer o horizonte do outro lado do mar
fosse aqui ao lado da minha cama
tudo me é tao pequenino,
ninharias, parecidas com manchas
pingos de suores
no chao que nao me sustenta mais
sobraram alguns passos
até a cozinha e volto
até a volta e a copa
até esse, aquele e outro
posso até negar minhas maos
e estendê-las se quiser
e numa mágica cartesiana
reduzir minha pele, minhas tragadas
minha kleos imaginável
a dor de não se sentir pleno
as minhas pequenas letras
de texto verde ainda
minha mocidade
minha ociosidade
minha amargura
minha tristeza
fechar isso tudo num cofre dourado
para me manter vivo
crivado em estórias de ondas
e deixar lá, envelhecendo como um vinho
numa garrafa miudinha,
jogadinha nas águas
como disseram-me que adoravam
tambem adoraria se fosse mulher
viajantes brilhantes
Mas eu,
eu sou agora isso!
esse trapo velado
pronto para dormir.
parece que agora restaram poucos metros quadrados
falta-me a força da distancia, de projetar os olhos pela janela
percorrer o horizonte do outro lado do mar
fosse aqui ao lado da minha cama
tudo me é tao pequenino,
ninharias, parecidas com manchas
pingos de suores
no chao que nao me sustenta mais
sobraram alguns passos
até a cozinha e volto
até a volta e a copa
até esse, aquele e outro
posso até negar minhas maos
e estendê-las se quiser
e numa mágica cartesiana
reduzir minha pele, minhas tragadas
minha kleos imaginável
a dor de não se sentir pleno
as minhas pequenas letras
de texto verde ainda
minha mocidade
minha ociosidade
minha amargura
minha tristeza
fechar isso tudo num cofre dourado
para me manter vivo
crivado em estórias de ondas
e deixar lá, envelhecendo como um vinho
numa garrafa miudinha,
jogadinha nas águas
como disseram-me que adoravam
tambem adoraria se fosse mulher
viajantes brilhantes
Mas eu,
eu sou agora isso!
esse trapo velado
pronto para dormir.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Europeu, gastação, psicodélica
europeu americano
psicodelica psicodelica
gastação
europeu americano
psicodelica psicodelica
gastação
psicodelica psicodelica
gastação
europeu americano
psicodelica psicodelica
gastação
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
As pêras estão maduras!
meus pensamentos são como fantasmas irônicos
fazem sombras gigantescas em mim
tenho vontade de me dissolver nas coisas
tornar-me flor, terra, luz
sair desse lugarzinho que sou eu
será que existem culpados por isso?
será que foi o homem quem perdeu
o elo com os seres
enquanto penso, penso de novo e muito
e essas vultos brancos ainda brincam comigo
mas não tem graça as peças que me pregam
vai ver estou descobrindo a tragédia
o peso do que somos, perdendo minha infância
mas sinto como se pudessemos escapar ao
próximo ato
sinto mais quando olho para o sol, para as estrelas
para o caminho das formigas ou para um cão
pedindo carinho
sinto que um dia, não muito longe
se contarmos pelo relógio de deus
eramos derretidos uns nos outros
uns nos outros
precisamos rodar ao contrário
precisamos ficar bêbados
de tanto girar olhando pro céu
com os braços esticados feito hélices
e cair de costas, sorrindo
para que os dois ultimos seres-humanos
não se separarem quando minguados
se extinguirem como mais uma fagulha que em
mim acabou de se apagar
meus pensamentos
desse jeito até preferiria ser macaco.
fazem sombras gigantescas em mim
tenho vontade de me dissolver nas coisas
tornar-me flor, terra, luz
sair desse lugarzinho que sou eu
será que existem culpados por isso?
será que foi o homem quem perdeu
o elo com os seres
enquanto penso, penso de novo e muito
e essas vultos brancos ainda brincam comigo
mas não tem graça as peças que me pregam
vai ver estou descobrindo a tragédia
o peso do que somos, perdendo minha infância
mas sinto como se pudessemos escapar ao
próximo ato
sinto mais quando olho para o sol, para as estrelas
para o caminho das formigas ou para um cão
pedindo carinho
sinto que um dia, não muito longe
se contarmos pelo relógio de deus
eramos derretidos uns nos outros
uns nos outros
precisamos rodar ao contrário
precisamos ficar bêbados
de tanto girar olhando pro céu
com os braços esticados feito hélices
e cair de costas, sorrindo
para que os dois ultimos seres-humanos
não se separarem quando minguados
se extinguirem como mais uma fagulha que em
mim acabou de se apagar
meus pensamentos
desse jeito até preferiria ser macaco.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Felicidade - La bille una
Sou a geração das doenças pisquicas. Engraçado e assustador. Ficaremos negros? Como pode? Não tem médico. Mas tem remédio. Só temos eus. Ninguém cura. Só. Vivemos para o amor, A razão, pois, pode nos enlouquecer. Tenho medo da Aids, de vírus, de mudanças, de doenças, da morte. Nâo acredita que somos doentes? Somos da geração dos bi-polares. Dos pânicos.Nas grandes cidades é tudo tão pesado. Deus me livre. Não suportaria. Sou tão doente,mas tão doente, que meus receptores neurais comeriam serotonina se tivesse que me abraçar à esse phatos. Olhe, só.
Sei que vou
Embora um dia
Como todos
Não seremos nada
Daqui a algumas décadas
Seremos história
Não via
O valor que tem um dia
É bom ficar louco.
Quando ficar velhinho, bem provável que nao mais me incomodarei com a morte,será? Esse medo ninharia que ora paralisa vez contorce os músculos, fluidez dentro da carne e do sangue "la bille negra".Ah! quando ficar velhino. Quanto tempo para se cuidar do amor, muitas estações, muitas flores,sóis, cheiros e cores. O que mais atrai é fechar os olhos e imaginar acordando em meio a cabelos brancos, numa casa de fundo pra uma lagoa e de frente pro mar, sentindo a firmeza dos meus pés, e a rigidez da minha mente. Com o ar soprando a brisa, oriental. Bem na janela da cozinha, embriagado pelo cheiro da manhã, confortável, colocar villa-lobos na agulha,e curtir a sinfonia misturando-se ao som dos pássaros. Lá fora, o trabalho de mexer na terra,cuidar da horta, aguar as plantas, me espera. Sem pressa. E então, tirando a pouca roupa que me guarda, cuidar, nu, das minhas pequenas filhas coloridas e não mais saber o que sou. Me perder. Misturar-me ao brilho do sol, numa manhã de 6:30 h de um dia qualquer da minha velhice. Viver é perigoso. Sim, e como é. Loucura e idealismo.Terminar com o semblante atravessado,apodrecido por dentro, com um câncer? Prefiro não. Por isso, procuro respirar, e permitir que minha mente e meu coração se dissolvam nas coisas. O paraiso são os outros, quando se vê que se é um. Não deveriam existir velhos que não encontraram o amor.Isso pra mim é uma afronta aos karmas.Deveriamos cuidar dos espíritos dos nossos filhos desde cedo.Isso sim seria educar. Quem sabe então, poderíamos retomar alguns nortes perdidos do ser-humano verdadeiro.E então não sentiríamos faltas, estaríamos juntos.Num tibet universal.E do alto, deus pensaria sozinho."meus filhos, ainda bem que reaprenderam a brilhar", no mesmo momento em que eu, nu,gozo no jardim, depois de me masturbar para o dia.
Sei que vou
Embora um dia
Como todos
Não seremos nada
Daqui a algumas décadas
Seremos história
Não via
O valor que tem um dia
É bom ficar louco.
Quando ficar velhinho, bem provável que nao mais me incomodarei com a morte,será? Esse medo ninharia que ora paralisa vez contorce os músculos, fluidez dentro da carne e do sangue "la bille negra".Ah! quando ficar velhino. Quanto tempo para se cuidar do amor, muitas estações, muitas flores,sóis, cheiros e cores. O que mais atrai é fechar os olhos e imaginar acordando em meio a cabelos brancos, numa casa de fundo pra uma lagoa e de frente pro mar, sentindo a firmeza dos meus pés, e a rigidez da minha mente. Com o ar soprando a brisa, oriental. Bem na janela da cozinha, embriagado pelo cheiro da manhã, confortável, colocar villa-lobos na agulha,e curtir a sinfonia misturando-se ao som dos pássaros. Lá fora, o trabalho de mexer na terra,cuidar da horta, aguar as plantas, me espera. Sem pressa. E então, tirando a pouca roupa que me guarda, cuidar, nu, das minhas pequenas filhas coloridas e não mais saber o que sou. Me perder. Misturar-me ao brilho do sol, numa manhã de 6:30 h de um dia qualquer da minha velhice. Viver é perigoso. Sim, e como é. Loucura e idealismo.Terminar com o semblante atravessado,apodrecido por dentro, com um câncer? Prefiro não. Por isso, procuro respirar, e permitir que minha mente e meu coração se dissolvam nas coisas. O paraiso são os outros, quando se vê que se é um. Não deveriam existir velhos que não encontraram o amor.Isso pra mim é uma afronta aos karmas.Deveriamos cuidar dos espíritos dos nossos filhos desde cedo.Isso sim seria educar. Quem sabe então, poderíamos retomar alguns nortes perdidos do ser-humano verdadeiro.E então não sentiríamos faltas, estaríamos juntos.Num tibet universal.E do alto, deus pensaria sozinho."meus filhos, ainda bem que reaprenderam a brilhar", no mesmo momento em que eu, nu,gozo no jardim, depois de me masturbar para o dia.
Chorando no banho
Hoje chorei. Por meses de lágrimas, que se misturavam com a água do chuveiro. Estava me lavando. Por dentro. Retirando pelos olhos toda a sujeira caudalosa de tempos de remoição. Mesmo vermelho, ao enxugar parecia mais branco. Mais leve. Não tive medo. Imaginei em alguns segundos, como se fosse uma cena, desta vez, vista do alto, com trilha da Billie Holiday. Foi se fechando o enquadramento, a cidade, o bairro, minha rua, a casa, os cômodos, o banheiro, eu, nu, homem, demasiado.Me senti são. E feliz por chorar. Não tinha a imagem do espelho.Não tinha vergonha.Não tinha mentira. Nem roupa.Só água, água e eu.Por alguns instantes me senti mesmo sozinho, como nunca havia estado. Engraçado, que da mesma forma, nunca havia me sentido tão comungado com o universo. A água limpa. Batismo dos nossos tempos. Estou aprendendo a rezar. Acho que todos os dias agora, ao acordar, vou me postar diante do sol, olhar pra cima,reverente, erquer levemente as mão, como se segurasse o céu, e encontrar em mim mesmo, a conexão enterna do homem com deus. É preciso. Senão as ondas erradas dos probres homens mesquinhos, nos deixam tão pequenos quanto um banheiro de azulejos frios e sem lágrimas, após uma crise de deprressão.
Instante Amarelo
Podemos sorrir todos os dias,uma sabedoria de nego velho, como quem mostra os dentes musgados pelos vícios vermelhos, despreocupadamente, numa tonalidade de felicidade tão verdadeira de dar inveja a qualquer homem de natureza hi-tech. Podemos ver tanta beleza em segundos, quando passa aquela moça,com um ingênuo vestido amarelo, exalando num raio de 100 m (budismologia) sua aura parecida com o sol. Quente. Quente e amarela. Mas ela afeta a poucos. A maioria está perdida em seus devaneios, nos seus redemoinhos mentais, baseados numa esperança doentia. Presos pelos medos.E nem sequer se dão conta da malemolência do que se pode ver, da perna lisa abaixo do vestido, do olhares levantados para você, tudo dura uns dez anos. É como se colecionasse os instantes e fosse guardando-os numa caixinha adornada-orientais, vivendo assim uns mil anos, e melhor, sem medos. Mas ainda estamos na travessia. Listras, sinais, faróis, semblates, um mar de símbolos que navegam nos meus dilúvios. Meu guerreiro está treinado, e não se esquiva. Bate frontalmente em cada onda que se quebra em areias diferentes. Ela vai indo na frente.Ela e seu vestido amarelo. Se fosse ourives, a gritaria.Só a vi de costas. Estávamos atravessando a rua pela faixa de pedestres. Foi no máximo um segundo. Uma fagulha, uma miséria.Mas nesse lugar, onde efeitos softwares nada traduzem, senti que ganhei o dia. Deixe-me voltar, senão paro direto aqui. Outros dias terão outras, vermelhas, azuis, mas agora, estou lembrando e no instante da amarela
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